Uma das características mais peculiares e deliciosas do ser humano é a sua capacidade de sonhar, de imaginar universos paralelos, de conseguir desenhar na sua cabeça futuros próximos e/ou longínquos, de manipular através de “imagens imaginárias” aquilo que gostava de viver. Há quem sonhe com lugares longínquos que ainda não conheceu, outros em alcançar o tal emprego ideal, outros sonham em encontrar o amor da sua vida e, ainda há quem sonhe em constituir uma família, em ter uma casa repleta de crianças a correr de um lado para o outro às gargalhadas.
Na verdade todas elas têm uma mesma verdade em comum, são sonhos sim, mas sonhos que queremos imensamente tornar realidade. Existe uma altura em que atingimos aquele momento da nossa vida, onde estamos preparados para sermos pais, para darmos a nossa vida por aquele ser pequenino, por amarmos alguém mais do que amamos todas as outras pessoas juntas, por darmos sem nunca estarmos à espera de receber, por sentirmos que a partir daquele dia a nossa vida nunca mais vai ser só nossa. Nessa altura somos invadidos por sentimentos positivos que transbordam pelo nosso coração, daí que nunca nos passe pela cabeça que alguma coisa pode correr menos bem, que o destino pode tentar pregar-nos uma partida e pôr-nos à prova.
Quando uma mãe/pai carrega o seu filho pela primeira vez não há palavras que sejam capazes de descrever esse momento, o primeiro toque, o primeiro entreabrir de olhos, o primeiro de muitas coisas mágicas… o sonho tornado realidade.
Nunca se pensa que no meio de tanta serenidade podem existir turbulências, até as notícias menos boas chegarem. A angústia de ouvir o médico dizer que o filho pode ter qualquer problema psicomotor, neurológico… maldito médico pensam. O mundo perfeito em que se vive parece agora tão longínquo. Muitas são as lágrimas, as noites mal dormidas, por vezes as forças teimam em querer abandonar o corpo. É extremamente difícil, doloroso para a alma e para o coração ver alguém de quem se ama passar por tanto, mas depois enquanto se olha para ele ficasse embasbacado, com os olhos a transbordar de lágrimas de orgulho e ouve-se numa voz muito ternurenta e suave: “Mamã olha, olha. Olha para mim”. Pumba, o sorriso volta de repente a iluminar o rosto outrora cabisbaixo e pensasse com orgulho e admiração “Que força, que vontade de viver, que lutador.”
Os dias são complicados claro, cada minuto que passa é um novo desafio, mas também uma nova conquista, um novo passo dado pelo seu filho e por si, uma nova palavra que ele lhe diz, um novo sorriso e um novo abraço. Como todos os pais e filhos estão a caminhar juntos, para, também ele poder sonhar, imaginar, desenhar e traçar o seu futuro. A diferença está no caminho que ambos estão a percorrer, mas pensem que estão a percorre-los juntos e, se vocês sentirem isso eles vão senti-lo com vocês.